O mecenato e a filantropia desempenham um papel fundamental no mundo pelas oportunidades que criam de desenvolvimento das comunidades que apoiam. E a diferentes níveis: cultural, científico ou de promoção da saúde, direitos humanos, sustentabilidade e cidadania.

A palavra mecenato deriva de Caius Mecenas, o político romano, conselheiro do Imperador Otávio Augusto, a quem foi atribuída a responsabilidade de financiar a produção artística e literária de vários nomes da cultura romana, como os poetas Virgílio, Horácio e Ovídio, ou o historiador Tito Lívio.

O mecenato designa o apoio financeiro, concedido por indivíduos ou empresas, a artistas, cientistas ou instituições culturais, tendo em vista o desenvolvimento de projetos culturais e artísticos, a preservação do património cultural e o fomento da inovação. Destacamos seis exemplos dos mais conhecidos a nível mundial.

6 exemplos de mecenato que vale a pena conhecer

Andrew Carnegie

Andrew Carnegie (1835–1919) foi um dos empresários mais ricos e famosos da sua época. Fundou a Carnegie Corporation em 1911, e, desde então, apoiou inúmeros projetos, desde a descoberta da insulina ao desmantelamento de armas nucleares. 

Milhões de pessoas beneficiaram da sua generosidade. Ficou conhecido como “O Santo Padroeiro das Bibliotecas”: entre 1886 e 1919 doou edifícios e financiou a construção de 1.679 bibliotecas públicas.

Foi também com o seu apoio que foram criadas diversas faculdades, escolas, organizações sem fins lucrativos, fundos, instituições e associações, de onde se destacam: Carnegie Museums of Pittsburgh, Carnegie Trust for the Universities of Scotland, Carnegie Institution for Science, Carnegie Foundation, Carnegie Dunfermline Trust, Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, Carnegie Endowment for International Peace e Carnegie UK Trust.

Bill e Melinda Gates

A Fundação Bill & Melinda Gates, criada em 2000, investe cerca de 2,7 mil milhões de dólares, anualmente, para apoiar projetos de promoção da saúde, erradicação da pobreza e de doenças (como a SIDA e a malária), em todo o mundo, bem como para promover a educação e o desenvolvimento económico de comunidades desfavorecidas. 

A Fundação é uma das entidades fundadoras da Gavi - Vaccine Alliance, cuja missão é facilitar o acesso à imunização em países pobres. A Gavi rapidamente se tornou numa das principais fornecedoras de vacinas contra a Covid, nos países em desenvolvimento.  

Nos EUA, a Fundação financiou 20 000 bolsas universitárias para estudantes negros, provenientes de contextos desfavoráveis, e com elevado desempenho escolar. Ao todo, já destinou cerca de 54,8 mil milhões de dólares, em doações, para iniciativas em 135 países.

Fundação Rockfeller

Criada em 1913 pelo empresário John D. Rockefeller, esta entidade assenta a sua atividade em quatro compromissos principais: acabar com a pobreza energética, promover a saúde para todos, nutrir o mundo e expandir as oportunidades económicas. 

Ao todo, já doou mais de 17 mil milhões de dólares para apoiar milhares de organizações e indivíduos em todo o mundo.  Graças ao seu apoio, foram criadas, por exemplo, a Universidade de Chicago e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

George Soros

Em 1979, em pleno apartheid, George Soros atribuiu bolsas de estudos a estudantes negros sul-africanos. Depois da queda do Muro de Berlim, criou a Central European University com o intuito de fomentar o pensamento crítico. Em 1991 criou a Fundação Open Society, uma das maiores organizações filantrópicas do mundo, com a missão de promover a democracia, a justiça social e a liberdade de expressão em todo o mundo. 

Desde então, a Fundação tem vindo a apoiar projetos que visam o fortalecimento da sociedade civil, a promoção da cidadania e o desenvolvimento de instituições democráticas, em países em contexto de transição política. 

Henry Ford

A Fundação Ford, criada em 1936 por Henry e Clara Ford, sempre pautou a sua atividade pela promoção da justiça social, da igualdade de oportunidades e do desenvolvimento humano sustentável em todo o mundo. 

Foram já apoiados mais de 10.000 projetos em 180 países, incluindo iniciativas para a promoção dos direitos das mulheres, a redução da pobreza e a promoção da justiça racial. A atividade de mecenato da Fundação Ford tem tido um impacto muito significativo na promoção da igualdade e na melhoria das condições de vida de comunidades em todo o mundo.

Paul Allen

O cofundador da Microsoft anunciou em 2010 – ano em que lhe diagnosticaram um linfoma não-Hodgkin e em que era considerado a 37.ª pessoa mais rica do mundo -, que pretendia doar grande parte da sua fortuna, avaliada em cerca de 13,5 mil milhões de dólares, a projetos de filantropia, após a sua morte. 

Os projetos apoiados pela Fundação Paul G. Allen Family, sempre estiveram relacionados com assuntos que o intrigaram e inspiraram: da música rock à ficção científica, passando pela exploração espacial. 

Criou também o Instituto de Neurociência Allen, com o objetivo de apoiar a pesquisa sobre doenças neurológicas. A Fundação já doou mais de 1 mil milhões de dólares para apoiar diversas organizações cuja atividade se destina a transformar vidas e a fortalecer comunidades.

O sentido e a utilidade da Fundação EDP

“O mecenato cultural não é uma flor na lapela, tem um sentido e uma utilidade”. Quem o afirmou foi Miguel Coutinho, diretor-geral da Fundação EDP, criada em 2004, com a missão de apoiar iniciativas culturais, educacionais, científicas e sociais em Portugal e no estrangeiro.

Nas artes plásticas, dança, música, arquitetura, design, educação artística, entre outras, são inúmeros os projetos e as instituições apoiadas pela Fundação. Destacam-se a Companhia Nacional de Bailado, a Fundação Casa da Música, a Fundação Serralves, a Trienal de Arquitectura de Lisboa, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva e a Orquestra Sinfónica Juvenil, entre outros. 

Os apoios concedidos pela Fundação EDP têm-se revelado fundamentais para a emergência de novos talentos, para a continuidade e expansão de muitas iniciativas e entidades, bem como para a internacionalização de valores nacionais.