13 Mar 2024
5 min

A visão e perspetivas do grupo EDP para 2024

Nos últimos dois anos enfrentámos uma crise energética global e fomos confrontados com um cenário macroeconómico desafiante. Mas, mesmo assim, a empresa conseguiu rever o seu guidance em alta, tendo em perspetiva um cenário otimista para 2024. Para estes resultados, o CFO da EDP realça o papel dos investidores e garante o investimento em projetos de energia renovável que criem valor.

Rui Teixeira
Considerando o cenário atual e as projeções económicas, após uma revisão em alta do guidance para 2023, quais são as expectativas para o desempenho financeiro da empresa no ano de 2024?

Após um ano desafiante em 2023, conseguimos atingir as metas definidas, o que nos deixa otimistas quanto ao desempenho da EDP em 2024. Acreditamos estar no caminho certo para cumprir os objetivos comunicados em março do ano passado, durante o Capital Markets Day da EDP, prevendo um resultado líquido entre €1,2 e €1,3 mil milhões para 2024. Este resultado reflete a força do nosso portfólio diversificado e resistente. Prevemos um bom desempenho no nosso negócio ibérico integrado, impulsionado por reservatórios hídricos acima dos níveis históricos máximos, tendência iniciada em 2023 e que se manterá este ano. Destacamos também a importância das redes de distribuição de eletricidade, impulsionadas por duas revisões regulatórias positivas em 2023: a recente revisão das tarifas reguladas da distribuição de eletricidade em Portugal, com um aumento de 4% em relação ao ano anterior, e o impacto da revisão regulatória da distribuição no Brasil. Além disso, a gestão ativa dos custos financeiros em 2023 deverá ter um impacto positivo, devido ao reequilíbrio do peso dos dólares americanos na nossa dívida e a uma redução do peso dos reais brasileiros no total da dívida. A aquisição de 100% do capital social da EDP Brasil também impactará positivamente o lucro líquido do grupo para o ano de 2024.

Rui Teixeira

Os nossos investidores têm um papel fundamental, sendo aliados para a transição energética.

Crise imobiliária chinesa, as expectativas inflacionárias, choques climáticos e geopolíticos, e o elevado endividamento público... Como é que os investidores estão a responder a estas incertezas e quais são as perspetivas para os investimentos em energia, considerando os diversos fatores de risco?

Sem dúvida de que, nos últimos dois anos, o contexto macroeconómico e geopolítico apresentou alguns desafios para o desenvolvimento de energias renováveis. Em particular, o ano de 2022 serviu como um alerta não só para o setor energético, mas para cada um de nós: tivemos de enfrentar uma crise energética global, devido à guerra, juntamente com a maior seca dos últimos 90 anos na Ibéria. Este contexto, e o prazo cada vez mais apertado que temos para descarbonizar o nosso planeta, reforçam a necessidade urgente de impulsionar a transição energética, acelerando o crescimento das energias renováveis e a eletrificação do consumo.

Neste âmbito o compromisso da EDP é claro, incluindo junto dos nossos investidores, tendo como objetivo assegurar sempre o investimento em projetos que criem valor, avaliando sempre os projetos em relação ao seu risco e retorno, e cumprindo com as nossas metas de retorno >2% TIR/wacc (taxa de retorno/ custo médio ponderado de capital), o que se tem verificado, mesmo neste contexto de taxas de juro e inflação elevadas.


"Os governos já estão a intervir e precisam de continuar a fazê-lo através de medidas concretas, garantindo um quadro regulatório estável e confiável para os investidores."


O que será necessário para o setor das renováveis recuperar a confiança do mercado?

As empresas do setor têm de continuar a traçar as suas estratégias, focando o seu investimento em renováveis, sendo indispensável a manutenção da atual estratégia de longo prazo da União Europeia e EUA, e consequente estabilidade regulatória. Temos assistido ao lançamento de medidas políticas relevantes na UE, que visa agora ter pelo menos 40% de fontes de energia renováveis no seu mix energético até 2030. As orientações da UE são essenciais e constituem um primeiro passo muito importante, mas agora a execução bemsucedida cabe aos Estados-Membros que devem assegurar rapidez no licenciamento e na ligação à rede dos projetos renováveis.

Nos EUA, foi dado um passo importante com o Inflation Reduction Act, que proporcionou visibilidade de incentivos ao investimento por mais de dez anos, em diferentes tecnologias. Esta foi a mudança mais consequente na política energética federal na história dos EUA, uma medida extremamente importante para aumentar a confiança dos investidores neste mercado.

Em suma, os governos já estão a intervir e precisam de continuar a fazê-lo através de medidas concretas, garantindo um quadro regulatório estável e confiável para os investidores, caso contrário poderemos comprometer a transição energética.

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